Da leitura dos livros religiosos
1. Nos livros religiosos devemos buscar a verdade, e não a eloquência. Todo livro sagrado deve ser lido com o mesmo espírito que o ditou. Nas Escrituras devemos antes buscar nosso proveito que a sutileza da linguagem. Tão grata nos deve ser a leitura dos livros simples e piedosos, como a dos sublimes e profundos. Não me mova a autoridade do escritor, se é ou não de grandes conhecimentos literários; ao contrário, devo ler com puro amor a verdade. Não procurarei saber quem o disse; mas considerarei o que se diz.
2. Os homens passam, mas a verdade do Senhor permanece eternamente (Sl 116,2). De vários modos nos fala Deus, sem acepção de pessoa. A nossa curiosidade nos embaraça, muitas vezes, na leitura dos livros religiosos; porque queremos compreender e discutir o que se devia passar singelamente. Se quero tirar proveito, lerei com humildade, simplicidade e fé, sem cuidar jamais do renome de letrado. Perguntarei de boa vontade e ouvirei calado as palavras dos santos; nem me desagradem as sentenças dos velhos, porque eles não falam sem razão. |